sexta-feira, 29 de julho de 2011

O cabelo de Rebeca

Então, eu a vi foto de Rebeca, de cabelo bem curto.
Logo ela que tinha uma paixão surpreendente pelas suas longas madeixas.
Quando cortei o meu, no ano passado, ela me disse que JAMAIS cortaria seu cabelo pra ficar curtinho. "Não combina comigo!".
Mas, ela cortou.
Não. Ela não ser quis diferente. Ou ao menos quis adentrar à vitrine da moda-dos -cabelos-curtos.
A mudança de estética foi por um motivo sublime.
A gente não sabe o que é problema, quando a gente não passa.
A gente só julga os outros, quando nunca passamos por nenhum julgamento.
Só conseguimos chorar com os outros, quando, um dia, derramamos nossos punhados de pesares e sentimos que doeu.
Só consgeuimos cortar nosso lindo e perfeito cabelo, quando a gente sente, pelo menos um pouco, a dor de quem não os têm, ou melhor, jamais os terá de novo.
Rebeca deu o seu bonito cabelo, no último domingo, porque sentiu e chorou a angústia das mulheres ribeirinhas escalpeladas da Amazônia. Mulheres como nós, que lutam, trabalham e se esforçam para sobreviver. E tudo na vida tem um preço.  O delas é perder o cabelo, às vezes, as orelhas, os olhos e toda a pele que  reveste o couro cabeludo.  Ao sair de suas humildes casas, adentram um barco, cujo motor se encontra no centro dele. Vítimas da falta de proteção -barata e simples-dese motor, seus longos fios são simplesmente sugados.
É tão forte que algumas delas até morrem. Se sobrevivem, elas continuam a morrer posteriormente pelo descaso, pela baixo auto-estima, pelo desprezo, pela aparência deplorável, por saberem que nada muda e que suas companheiras têm destino decretado, já que ser transportada por estes veículos é a sua (leia bem) única maneira de sobrevivência. Elas vivem e morrem, todos os dias.
A comoção não é nada diante disso. Criar um dia, no ano (28 de agosto), para o combate a esta tragédia diária não é suficiente. Conceder passe livre não dirime os transtornos.
A gente não deve somente cortar o cabelo, mas a nossa própria alma.
O que Rebeca fez me deu um sentimento profundo. Um idealismo que a gente não pode parar nunca de ter. Uma revisão de vida. Um olhar sobre o mundo. Mas, não o meu.
E sim, o daqueles que sofrem, que morrem, que vivem, que nascem à espera de ação e não de discursos.


Os longos cabelos de Rebeca..

Agora de frente

Por amor às ribeirinhas




quarta-feira, 27 de julho de 2011

A música do momento.

Colisão. Anderson Freire.


"Colidir com o mundo e ficar de pé
Mais que conhecer, preciso viver."

ABAIXO A LÍNGUA MÁ

E a língua,segundo o livro de Tiago, tem o poder imenso de destruição.
Felizes aqueles que têm domínio sobre ela! Quem já não sofreu alguma lesão por causa dela?
Bem, eu já. Mas, eu consegui sobreviver para contar. Os bons amigos dela, a mentira e a calúnia, também não me foram desconhecidos.
Por causa do mau uso dela, eu estive em lugares que nunca pisei e fiz coisas que jamais imaginei.
Quando tinha treze anos, soube, subitamente, que estava namorando com um rapazinho. Eu poderia até tirar proveito da situação, afinal de contas, não seria nada mal, mas, a verdade é que eu não estava. Foi uma bonita da mentira, que fui resolver com o dono tête-à- tête, que, por sua vez, adivinhem?
Isso mesmo, negou na maior cara de pau.
Isso foi só o começo de tantas outras coisas que eu fiz, sem nem mesmo saber que as fiz.
E não é que eu aprendi?
Todo esse falatório falso contra a minha vida me fez adentrar à turma que não admite esse bláblá rotineiro de quem fez ou deixou de fazer, de viu ou deixou de ver e etc e tal. 
Corro longe de conversa fiada.
Finjo que não ouço quando alguém quer saber da vida de fulano em relação a beltrano. Li que fofoca é quando você espalha um determinado assunto, sem que você não seja nem parte, muito menos, solução para algum problema.
E quem fala demais, acaba se perdendo nas palavras. E as palavras, uma vez ditas, jamais poderão ser restituídas.
Faço, aqui, então, um merchadising contra a fofoca!
 ABAIXO A LÍNGUA MÁ!


"Uma das primeiras coisas  que acontece quando alguém está realmente cheio do Espírito não é falar em línguas, mas dominar a que já tem" (Sidlow Baxter)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O fio de cabelo branco.

A velhice, um dia, chega.
Não nos damos conta, é verdade. Mas, ela vem. E traz maturidade, equilíbrio e nos torna menos intransigentes, menos prepotentes.Quando jovens, temos certezas absolutas, verdades incontestes, cabeça dura. Temos razão e isso nos torna ou moralistas demais ou rebeldes sem causa. Mas, o que importa é que a velhice chega e, finalmente, os valores mudam, transmudam ou não mudam.
O espelho, num desses dias, me trouxe uma reflexão que nunca tinha pairado na minha cabeça. Ele me apontou um fio de cabelo de branco.Nunca, antes, havia me preocupado em ficar velha. Mas, percebi, nesse dia, que envelhecer é inevitável e então,  estremeci.
Além do valor estético (Nããããã!!!!!), um dia, comecei a pensar, meu cabelo estará tomado de uma nuvem espessa. E eu não terei mais esses olhos. E eu não terei mais essa força. E eu não terei mais meus ideais. Eu terei mudado. Eu envelhecerei. Eu saberei o que é tempo, saberei esperar. Saberei o que foi construir. O que foi lutar. O que foi plantar.
Pensar que um dia ficarei velha é pensar em tempo. É aprender que ele pode ser meu aliado, se eu tiver a essência do novo, embora o a moldura do velho permaneça. É pensar enfim, que muito tenho a aprender.  E ainda tenho a vida pela frente.