Insônia.
A expectativa, na verdade, é uma grande insônia. Ela nos rouba o tempo. Engana o nosso presente e, no fim das contas, por causa da ansiedade desesperada que nos devora os olhos, não enxergamos a boa dádiva que o tempo presente nos oferece.
Mas, chega uma hora em que a voz chega até o céu. Não é uma voz segura-muito menos convicta. É uma súplica. Uma oração insuportavelmente enferma. De dor. De clemência.
Cinza.
Como é próprio do nosso imediatismo, esperamos a solução divina instantânea. E (in)felizmente, Deus não utiliza métodos iguais aos nossos. Ele é senhor do tempo. E, por causa disso,o coração entra em crise. Isso acontece logo conosco. Logo nós...tão donos de si mesmos. Tão suficientes. Tão planejadores dos nosso sonhos. E quando não existe qualquer outra solução disponível, somos forçados a esperar-nem que seja por um dia melhor do que este.
Deus é estranho.
Seu silêncio é didático.
Sua hora é perfeita.
E, sem entender, seu plano vai além daquilo que de melhor tenho.
Então, observo o mar. Olho pro céu. Vejo o mar. Olho de novo pro céu. Deus é estranho. Como pode haver união mais perfeita de dois firmamentos quase que incompatíveis?
Tempo.
Incompreensivelmente, eu não preciso ter razão. Pode, talvez, não me restar a poesia.
A fé, sorrateiramente, me faz dormir, outra noite, enfim.