quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sobre ser

Eu estava dentro carro, num domingo à noite. Passei por um local onde as pessoas se dirigiram a um clube, cujo som era ensurdecedor. Fazendo uma passagem devagar e cuidadosa, pois as pessoas também ocupavam a pista, ouvi alguém do carro dizer, ao olhar umas meninas entrando no clube:
-Só menina certa...boas para casar!


O silêncio questionador reinou no carro. A pessoa continuou:
-Mas, quem mesmo vai querer uma menina vestida desse jeito?
Sem pestanejar e sem nem refletir, respondi:
-Deus. Ele se importa tanto que deu seu único filho por elas.

Não houve mais comentários.
Engraçado o padrão que nos elevamos. Achamo-nos tão suficientes que desprezamos aqueles que estão aquém de nossos conceitos. Estranho ter que viver numa época em que, pra você ser aceito completamente, você não tem que ser, mas ter ou- somente- parecer mesmo. Ainda bem que não somos Deus.
É absurdo que até chega a ser comovente: Ele que é perfeito, não atenta para a aparência. Para os títulos que carregamos, para a riqueza que conquistamos, nem tão pouco, para a estética que possuímos.

Ele vê o coração. Ele sonda. Percrusta. Escacavia. Valoriza a intenção e não, a mera pretensão.
Ele nos mostra que temos valor, embora as pessoas que nos cerquem-por mais certas que sejam-dão um juízo de valor, segundo suas próprias impressões.

 "A quem muito foi dado amor, a esse será exigido" (Jesus à mulher pecadora)


Só saberemos valorizar, quando entendermos, sentirmos, experimentarmos a porção da misericórdia de Deus. De sua graça, que não é aceptiva. De sua sensibilidade, que é não é excludente à raça, à cor, ao sexo, ao tamanho, à beleza e ao status.

Simplicidade. Apenas.
Assim, conseguiremos ver além desta fajuta aparência.

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